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HERESIAS DA CCB


2 – Congregação Cristã do Brasil

2.1 Histórico e surgimento

A Congregação Cristã do Brasil[1] surgiu em 1907 a partir de uma cisão na Igreja Presbiteriana do Brasil. Seu líder chama-se Louis Francescon, nascido em Udine, Itália em 29 de Março de 1866. Em 1890 migra para Chicago, Illinois, EUA e conhece o evangelho através de seu irmão Miguel Nardi. Francescon se juntou a Igreja Valdense[2] e logo depois a uma Igreja Presbiteriana que congregava italianos imigrantes. Francescon foi eleito diácono daquela igreja e rompeu após ter uma “revelação”. Começou a questionar o batismo por aspersão e a partir do texto de Cl 2:12 entendeu que o batismo salvava. Assim veio para o Brasil e fundou a CCB. Iniciou o trabalho em colônias italianas no Estado de São Paulo e Paraná. A CCB experimentou um rápido crescimento e tem rivalidade com a Igreja Assembléia de Deus por terem sido fundadas no mesmo período.[3]
Segundo o prof. Luiz Sayão, a CCB tem a prática de considerar os evangélicos como afastados da verdade[4]. Sua confissão de fé é estritamente evangélica na doutrina e muito se assemelha com os evangélicos tradicional-históricos exceto na ênfase do falar em línguas como evidência do batismo no Espírito se assemelhando nesse ponto a compreensão pentecostal[5]. O que a separa dos evangélicos é a sua prática eclesiástica. A hierarquia está dividida em Anciãos, Cooperador, Cooperados de jovens e Diácono e tem sua abrangência no Brasil. Paraguai, Argentina, Portugal, EUA, Itália e Espanha[6]. L. Francescon faleceu em 07 de Setembro de 1964 em Oak Park , Illinois, EUA após vir mais ou menos dez vezes ao Brasil (entre 1910, ano da fundação oficial e 1948[7]) para estabelecer e estabilizar o trabalho da CCB. Algumas características do grupo é que seus membros fazem uso de bebidas alcoólicas e os dirigentes não estudam a Escritura, apenas seguem a “iluminação” do Espírito. Apesar da separação da Assembléia de Deus, a CBB sustenta a ênfase na necessidade do batismo com o Espírito Santo após a conversão e o falar em línguas como evidência de tal batismo e a santificação perfeita conforme ensinada por John Wesley[8].[9]

2.2 Doutrinas peculiares da CCB

Aqui serão analisadas as doutrinas da CCB que torna o grupo sectário e não considerado evangélico. Diferente da IASD que avaliamos anteriormente, a CCB tem o seu caráter sectário na prática eclesiástica e seus costumes.
2.2.1 Somente os membros da CCB são salvos.
2.2.2 O Batismo é a condição Sine qua non para a salvação.
2.2.3 Os pregadores devem ser “iluminados” para pregar. O Espírito Santo dirige tudo, não há necessidade do preparo e estuda nas Escrituras.
2.2.4 A observação e a prática do uso do véu pelas mulheres em culto público segundo o texto de 1 Co 11:1-16 e outros costumes como a obrigação de saudar com a paz de Deus, a prática do ósculo santo e a obrigação de orar de joelhos.
2.2.5 É pecado dizimar, pois o dízimo é lei e vivemos no período da graça.
2.2.6 Jesus Cristo é o único pastor da Igreja. Os restantes são mercenários. Os dirigentes não devem receber salário.
2.2.7 Não devemos pregar o evangelho, pois este escandaliza. Só devemos se Deus mandar.

2.3 Refutação

2.3.1 Somente os membros da CBB são salvos.
Em nenhum momento a Escritura afirma que a salvação é exclusiva a algum grupo ou instituição religiosa. A salvação do pecador é exclusividade da pessoa de Jesus Cristo.
“E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos.” Atos 4:12
“Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem,” I Timóteo 2:5

2.3.2 O batismo por imersão em água corrente é a condição para a salvação
Francescon extraiu essa doutrina de sua compreensão de Cl 2:12
“tendo sido sepultados com ele no batismo, no qual também fostes ressuscitados pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre os mortos;”

O texto não quer dizer isso. O livro de Colossenses ensina sobre a excelência e o senhorio de Cristo sobre todas as coisas e particularmente o texto tem como foco a divindade de Jesus aplicada em nossa salvação. Francescon extraiu a doutrina do texto sem prestar atenção no contexto.
O batismo é uma ordenança de Jesus, uma marca para o discípulo remido e regenerado, mas em si mesmo não salva (Rm 6: 1-11).

2.3.3 A “iluminação” para pregar em detrimento do estudo
Essa prática contrária o texto de 2 Pedro 3:18
“antes crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como até o dia da eternidade.”

O texto orienta a igreja a crescer no conhecimento do Senhor Jesus, ou seja, no entendimento e isso requer estudo e compreensão sobre a pessoa e a obra redentora na cruz de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
O apóstolo Paulo orienta o jovem Timóteo a cuidar de sua piedade e do ensino da sã doutrina (1 Tm 4: 6-16). O próprio Paulo era um estudioso. Devemos crer que o Espírito Santo ilumina nossas mentes e corações para o entendimento das Escrituras, pois ele testifica em nossos corações. Mas a iluminação anda de mãos dadas com o estudo. O texto acima nos orienta a crescer na graça e no conhecimento. Um aliado do outro, a experiência e o entendimento lado-a-lado.

2.3.4 Usos e costumes
A prática do véu pode ter sido instituída por Paulo aos corintos como substituição do cabelo para as mulheres que anteriormente haviam sido sacerdotisas da deusa Afrodite e raspavam a cabeça para cumprir essa função. O que está em jogo é a função e autoridade do homem e da mulher. O uso do véu em si não é uma pratica sustentada pelas Escrituras.
Quanto a saudação, ela vai de acordo com cada igreja. A saudação era muito comum na época assim como o ósculo santo. A Bíblia não nos manda colocar esses costumes em prática. Ela nos ensina a colocar em prática o nosso amor uns pelos outros. A oração de joelhos é uma prática louvável de prostração a Deus, mas em nenhum lugar a Escritura é taxativa em ensinar que essa é a única prática correta.

2.5 É pecado dizimar.
Textos como Malaquias 3:10 e 2 Co 9 sustentam o princípio de “separar uma parte do todo” para contribuir com a congregação. É função de cada crente contribuir com o trabalho e dizimar não é pecado mas uma honra e privilégio para o crente ter parte na obra de Deus.

2.6 Não pode haver pastores
Cristo designou apóstolos para a sua igreja. Paulo defende os direitos desse apostolado (1 Co 9). O oficio pastoral e seu sustento tem base nas Escrituras.
“Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que eles tiverem; pois digno é o trabalhador do seu salário. Não andeis de casa em casa.” Lucas 10:7

“Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.” 1 Co 9:14

“17 Os anciãos que governam bem sejam tidos por dignos de duplicada honra, especialmente os que labutam na pregação e no ensino.18 Porque diz a Escritura: Não atarás a boca ao boi quando debulha. E: Digno é o trabalhador do seu salário.” 1 Timóteo 5:17-18

2.7 Não pregar o evangelho, somente quando Deus mandar.

As Escrituras ensinam exatamente o contrário.

“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura.” Marcos 16:15

“prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo, admoesta, repreende, exorta, com toda longanimidade e ensino.” 2 Timóteo 4:2

Essa falsa doutrina vem de uma compreensão míope da doutrina da predestinação, pois Francescon era de origem valdense e presbiteriana.[10] Por isso a CCB não faz uso de nenhum meio para divulgar a mensagem do evangelho.


Conclusão

É louvável o estudo das correntes doutrinárias que se afastam da verdade. Precisamos conhecer o erro para refutar. Mas gostaria de terminar com uma palavra pastoral. Entrevistaram uma mulher que era especialista em flagrar quadrilhas que falsificavam notas de dinheiro. Perguntaram a ela como conseguia e se ela estudava muito as notas falas e ela respondeu que não, que estudava muito a verdadeira. O ponto aqui é, para refutar o erro precisamos conhecer a verdade. Devemos como crentes estudar as Escrituras e como interpretar. Devemos estudar bons manuais de doutrina e também história da igreja para saber como as igrejas se posicionavam. Assim conheceremos mais sobre o glorioso evangelho e a obra de Deus.

[1] A partir daqui CCB.
[2] Igreja de confissão protestante nascida na Itália a partir de Pedro Valdo que rompeu com a Igreja Romana. Esse fato aconteceu antes mesmo da reforma protestante. Foi no século XIII.
[3] http://www.ibnpaz.hpg.ig.com.br/textos/crista_brasil.htm%20-%20Acesso%20em%2020/06/2007.

[4] SAYÃO, Luiz. Op Cit.
[5] A Declaração de Fé da CCB pode ser encontrada no apêndice.
[6] http://www.jornaldosamigos.com.br/igrejas_evangelicas_brasil.htm%20-%20Acesso%20em%2020/06/2007.

[7] CAMPOS, Leonildo Silveira. Protestantismo Histórico e Pentecostalismo no Brasil: Aproximação e Conflito. In GUTIERREZ, Benjamin F. e CAMPOS, Leonildo Silveira (org). Os Pentecostais na América Latina: Um desafio as Igrejas Históricas. São Paulo : Associação Literária Pendão Real, 1996. P. 85.
[8] John Wesley, fundador do metodismo, ensinou a doutrina do perfeccionismo cristão dizendo que o crente pode chegar a um estado de santidade e não pecar nessa existência.
[9] SAYÃO, Luiz. Op Cit.
[10] Existe um debate no meio evangélico quanto a predestinação. Se dividem basicamente entre calvinistas (Deus escolheu, predestinou e elegeu os salvos) e arminianos (o indivíduo tem o livre-arbítrio para escolher a salvação). Ambas as correntes tiveram inúmeros evangelistas na história da igreja. Francescon se aproximou de uma outra corrente chamada hiper-calvinismo que ensinava que não se precisava pregar o evangelho para os pecadores. Muitos confundem essa percepção com o calvinismo. George Whitefield e Charles Spurgeon foram grandes evangelistas ingleses e tinham a compreensão calvinista da doutrina da salvação.

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